O uso da tecnologia na volta às aulas presenciais ainda é um desafio para escolas públicas e privadas de todo o país.
Ainda não inventaram tecnologia que substitua as relações, o vínculo, o contato do professor e do aluno dentro da sala de aula. Essa é uma lição que a pandemia deixou.
“O uso da tecnologia na pandemia, com forte atuação do professor, funcionou melhor do que nós imaginávamos. Sem o professor, funcionou pessimamente. Ninguém aprende a estudar naturalmente. Você aprende a estudar através das intervenções da escola. A mesma coisa em relação à tecnologia”, disse a diretora pedagógica Sônia Maria Barreira.
Em uma escola da rede municipal na Zona Leste de São Paulo, ferramentas tecnológicas têm ajudado a diminuir a defasagem, herança dos últimos dois anos.
“Através da recuperação das aprendizagens, a gente pode utilizar o tablet como um auxílio para fazer atividades em casa”, contou a diretora da escola, Eliane Soares Torres.
E numa escola particular na Zona Oeste, aluno vidrado na tela está aprendendo cálculo e raciocínio lógico.
“O jogo é matemática misturada com joguinho. Para você entender o jogo, veja a imagem e leia o enunciado. É para você jogar, se divertir, fazendo matemática”, explica Frederico Magdanelo, de 7 anos.
“Nunca mais joguei outro jogo. Só joguei esse desde que eu conheci”, completa Sebastiao Figueiroa, também de 7 anos.
Uma pesquisa nacional da Fundação Lehman mostra que a internet torna a escola mais atraente para os alunos na opinião de 91% dos pais. E os professores concordam.
“A gente, às vezes, está falando sobre um assunto, e aí vem uma dúvida, alguma personalidade que aparece, e aí a gente consegue prontamente já pesquisar e se aprofundar um pouco. Ajuda muito nas discussões, a fomentar as discussões”, afirma a professora Layla Regina.
Mas não funciona igual para todos. Segundo o estudo, no Sul e no Sudeste, mais de sete em cada dez escolas têm rede wi-fi para os alunos. O Centro-Oeste está perto da mesma proporção. No Norte e no Nordeste, só cinco em dez.
No país, 63% dos estudantes têm acesso à banda larga, e 37% não têm.
Fica difícil se encantar pela tecnologia avançada na educação sem lembrar que ainda falta a básica: internet na casa dos alunos e nas escolas que, segundo educadores, hoje é tão importante quanto uma biblioteca. Eles dizem que, até que todas as regiões do país estejam conectadas, a tendência é que as desigualdades se aprofundem.
É o que lamenta o especialista em aprendizagem da Universidade de Columbia.
“Um Brasil onde todo mundo tem acesso, onde os alunos têm acessos em casa, onde o aluno tem um laptop em casa e tal, isso não existe. Agora, eu acho que tem muitas coisas que podem funcionar. Você pode fazer entrevistas com seus pais, seus avós, fazer documentário sobre a história da sua família. Você pode documentar problemas urbanos na sua comunidade. Então, acho que uma das coisas que vai ser mais interessante de a gente aproveitar é essa conexão com a vida do aluno”, diz Paulo Blikstein, diretor do Laboratório de Ciência e Aprendizagem da Universidade de Columbia, nos EUA.
O Piauí investiu em sinal de internet gratuito. Agora, Railane pode usar a rede para estudar para o vestibular.
“Gosto muito de estudar, porque a pedagogia é o meu sonho. Eu quero ensinar os alunos, quero que eles possam pensar no futuro”, conta Railane Dutra Santos, de 20 anos.
Entre em contato para uma conversa